Sugestões para a reformulação do Programa Sócio-Rei

Prezados Santistas,

Dando prosseguimento à proposta do nosso Blog, de dar voz à coletividade santista, publicamos a seguir um excelente material disponibilizado pelo amigo Matheus Almeida com sugestões de melhoria do Sócio Rei.

Boa leitura!

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Sabemos que o Santos vem tentando aumentar a sua base de sócios, dizem que a meta seria 100 mil, a verdade é que hoje tem apenas 25 mil, o que significa 0,5% do total da sua torcida. Mesmo o número de 100 mil ainda seria 2%, quando clubes como o Benfica tem 250 mil sócios, ou 5% do total de torcedores, que seria praticamente o mesmo número de torcedores do Santos.
Portanto, a pergunta que fica é: Se o Benfica pode, por que o Santos, que tem uma marca tão forte quanto, não pode ter esse número também? E pior, por que o Santos tem 10 vezes menos esse número?
Existem algumas respostas para isso, a primeira é a diferença econômica entres os dois Países, mas isso não justifica o Santos não ter pelo menos 5% de sócios ou será que mais de 95% da torcida santista não tem condições de pagar a mensalidade?
Além de falta de atrativos do plano atual do programa Sócio-Rei, o fato da maior parte desses torcedores do Benfica estarem em Lisboa, enquanto a maior parte da torcida santista, pelo menos 90% não está em Santos, é o maior fator para essa diferença.

Portanto, só existe um jeito de conseguir aumentar o número de sócios de forma gradual até um dia chegar a esse número. Reformular o plano de Sócio-Rei pensando também no torcedor que mora longe da Vila e longe de São Paulo.

A página do Instagram @Santosplay fez uma postagem perguntando exatamente o motivo do número de sócios em outros Estados ser tão baixo e as respostas foram o que me motivaram a escrever essas sugestões para a reformulação do plano:

Fonte: https://www.instagram.com/p/B_D8EDRH0Kd/

Percebe-se que, em geral, apenas ajudar o clube não é um motivo que faça o torcedor querer associar-se.

O clube vem abaixando os valores, a ponto de estar praticamente se humilhando, na tentativa de aumentar o número de associados e parece que isso é apenas para poder mostrar esse número no final do mandato, esse ano, uma vez que com um ticket médio tão baixo, por mais que aumente o número de sócios a receita total com o programa não vai aumentar tanto assim.

O que o Santos precisa não é abaixar o valor e sim, criar valor. Reformular totalmente o programa e para isso principalmente ouvir o torcedor, fazer ele sentir-se parte integrante do sucesso e do destino do clube, esse é o segredo.

Sugestões para o programa Sócio-Rei:

1- Implantar o voto à distância

Essa é a mais óbvia e essencial, extremamente necessário e urgente para o interesse do torcedor que mora longe de Santos e da Capital, em ser sócio.
O voto à distância para os sócios seria o mínimo para o programa ser levado a sério por um número maior de torcedores, mas o torcedor sabe o que impede.

Já escrevemos um artigo falando sobre isso:
https://blogsoulsantista.com.br/2020/01/10/resistencia-a-mudancas-e-um-santos-fc-ancorado/

2- Melhorar a comunicação sobre a rede de benefícios

A maioria dos torcedores diz que o único benefício é o desconto nos ingressos, e que portanto, para quem mora longe não vale a pena ser sócio. Existem outros benefícios com redes conveniadas, mas a maioria dos torcedores não sabe disso.

3- Fazer parcerias com os “outros Santos”
Acho que eu não preciso dizer o tamanho da marca do Santos. São 39 clubes no mundo todo com o nome em homenagem ao clube, sim a maioria amadores ou semi-profissionais, mas também existem clubes profissionais, inclusive o Santos Laguna é um dos principais clubes do México com mais de 6 milhões de torcedores.

Além do Santos Laguna, tem o Santos de Guápiles (Costa Rica) e o Santos do Amapá com equipes importantes em suas regiões e o Santos de Angola e Santos Cape Town atualmente sem grande destaque, mas que já tiveram o seu espaço em seus Países (Angola e África do Sul). Existe o potencial para explorar a marca do Santos nesses lugares, que somados tem uma população, como a do Brasil, com aproximadamente 200 milhões de habitantes, sem falar dos outros Países como Jamaica, Guiana, etc.

Por que nunca foram feitas ações de marketing envolvendo esses clubes? Talvez porque precise de dinheiro e o retorno não seja o esperado. Ok, mas a ação não é apenas para os torcedores de lá e sim para os nossos torcedores daqui.
Temos que explorar mais isso, fazer uma parceria principalmente com o Santos Laguna-MEX que tem uma excelente estrutura, ter os nossos produtos oficiais lá e os deles aqui, fazer uma parceria para o desenvolvimento de atletas com os outros Santos também, explorando a capacidade e tradição em revelar talentos, ajudando esses clubes com a marca do Santos, com conhecimento, sem a necessidade de investir muito dinheiro. E por quê não também ter produtos oficiais destes clubes aqui?

Imaginem camisas oficiais do Santos Laguna, Santos de Kingston (Jamaica) ou do Santos Cape Town sendo vendidas no site do Santos, dividindo parte dos lucros obviamente. Qualquer torcedor santista adoraria ter uma camisa ou um produto desses clubes para mostrar para os rivais o que significa o “orgulho que nem todos podem ter” (Desde que o preço das camisas não seja absurdo!).

O Santos talvez seja o único clube no mundo que tem a capacidade de ter “filiais” sem ter que comprar outros clubes, eles já existem e o torcedor santista poderia ter esse sentimento. O sentimento de que não tem mais apenas um time para torcer, eles tem um clube com vários times e uma marca mundial para se orgulhar. Por incrível que pareça, poucos se lembram disso como deveriam, simplesmente porque isso não é explorado como deveria.

Sem contar que quando começar o streaming internacional dos campeonatos nacionais e continentais (questão de pouco tempo), o Santos tem que estar preparado para “ganhar” a concorrência dos rivais nacionais e dos argentinos, internacionalmente a marca do Santos é maior que a de todos os brasileiros e apenas os dois maiores da Argentina conseguem se igualar.
Mas isso vai deixar de acontecer se o Santos não for competitivo e não explorar a sua marca no mercado mundial, como fazem os gigantes da Espanha por exemplo, que tem quase 10 vezes o número de torcedores ao redor do mundo do que em seu próprio País.

4- Valorizar a marca do “Reino do Futebol”
Sabem o que mais orgulha o torcedor santista além dos inúmeros títulos da equipe de futebol profissional?

A resposta é todos os outros títulos das outras categorias ligadas ao futebol. O futebol feminino tem que continuar sendo uma potência, o futsal masculino deveria ter um projeto vencedor novamente, o futsal feminino também está crescendo aos poucos, inclusive a Amandinha, brasileira e melhor jogadora do mundo por 6 vezes seguidas ganha em torno de 5mil reais por mês, olha que oportunidade para a marca do Reino do Futebol explorar!
Temos que ter uma equipe sub-23 competitiva, não apenas para preparar os atletas para a transição para a equipe profissional com os torneios aqui no Brasil, mas principalmente para disputar amistosos e torneios internacionais, levando a marca do santos novamente para o resto do mundo.
E até o Santos Tsunami (sim, futebol americano pode ser considerado um tipo de futebol) que o brasileiro adora e o torcedor também deveria poder acompanhar cada vez mais.

Claro que talvez não sejam modalidades lucrativas, mas com parcerias e patrocinadores seria sim possível trabalhar a marca do Reino do Futebol através dessas equipes também e aí que entra o item 5.

5- Plataformas de Streaming

Talvez ainda não seja possível fazer algo do tipo aqui no Brasil, por questões contratuais de direitos de transmissão principalmente, mas tenho certeza que esse é o futuro das transmissões, menos dependência das receitas de TV, etc.

Tecnicamente com certeza é possível, assim como a NBA tem o NBA League Pass, se fosse possível ter uma plataforma exclusiva para transmitir os jogos do Santos, principalmente sem depender de intermediários, poderíamos transmitir todas essas equipes para os assinantes do streaming que pode estar atrelado ao programa de sócio-torcedor.
Seriam duas equipes de futebol profissional (masculino e feminino), o Santos B (Sub-23), duas equipes de futsal competitivas e uma de futebol americano, para assistir a qualquer momento através da Santos TV. No total seriam pelo menos 6 equipes, sem contar a base, além da possibilidade do plano mais caro ter o streaming dos “outros Santos” ou no mínimo do Santos Laguna que além de costumar brigar pelo título no campeonato mexicano também costuma disputar a CONCACAF Champions League e também os jogos do Santos-AP que é uma das principais equipes do Estado e disputa a série D do Campeonato Brasileiro e até a Copa do Brasil em alguns anos. É Santos que não acaba mais, para assistir, torcer, sofrer, vibrar e se orgulhar!
Além claro das entrevistas e programas da Santos TV dentro da plataforma também.

Mesmo se a princípio não for possível a transmissão da equipe profissional de futebol, devido aos contratos atuais, poderia começar apenas com o streaming das outras equipes, o que ajudaria a viabilizar a formação das equipes de futsal, por exemplo, inclusive atraindo patrocinadores para uma parceria.

6- Investimento na equipe de acordo com o número de sócios-torcedores

Essa é a proposta mais polêmica, talvez não agrade a todos, principalmente aqueles torcedores e aqueles conselheiros que não entendem nada de gestão e usam o argumento de que “clube não é banco” e outros do tipo.

Mas sem dúvida é o que pode trazer mais retorno em termos de sócios, principalmente somado às outras ações. De forma simplificada, o clube define um valor máximo que vai utilizar para folha de pagamento (o ideal seria em torno da metade do que é atualmente), um valor que ainda seria o suficiente para o Santos estar entre as 10 maiores folhas de pagamento da Série A, ou seja, não iria cair para a série B se fizer tudo certo e tiver um trabalho profissional na montagem do elenco, mas também não iria ter um time para ser campeão nas principais competições (como já não tem). A partir deste ponto, o clube define um valor x de sócios para poder investir mais x em folha de pagamento no próximo ano e assim por diante… fazendo até uma demonstração para toda a torcida de quantos sócios-torcedores seriam necessários para ter uma equipe que briga por títulos nas principais competições que disputa.

Provavelmente se apenas essa e mais nenhuma das outras sugestões fossem feitas, já seria o suficiente para aumentar exponencialmente o número de sócio-torcedores e até o ticket médio, uma vez que, assim como o voto à distância, atinge em cheio o objetivo de engajamento do torcedor com o destino do clube.
O torcedor vai poder sentir que realmente aquele dinheiro está fazendo toda a diferença para os resultados dentro de campo, mesmo que ele more longe e não possa assistir aos jogos no estádio. Hoje, com certeza o torcedor santista não tem esse sentimento.

7- Projetos Sociais

Nos planos mais caros, uma porcentagem vai para projetos sociais, sem ter a ver necessariamente com futebol, mas com a marca do Santos e dos patrocinadores do Santos. Ajudando a atrair não apenas os torcedores para os planos mais caros, mas também novos torcedores para o clube e patrocínios com contratos maiores.

8- Explorar plataformas de relacionamento com o torcedor
Já existem startups, inclusive brasileiras, específicas para o mercado esportivo, como marketplace de experiências com ídolos dos clubes e plataformas de loyalty para o esporte, incluindo moeda, rede conveniada e marketplace.

9- Torneios de E-Sports entre os sócios-rei

Estamos vendo como os e-sports estão crescendo e inclusive o Santos já investe, por quê não fazer torneios online entre os sócios, para atrair principalmente os mais jovens? Com competições regionais, estaduais e nacionais. Premiações em dinheiro ou em pontos para serem trocados por outros benefícios como produtos oficiais e ingressos.

10- Torneios de futebol entre as embaixadas com final nacional na Vila Belmiro

Poderia ser organizado uma vez por ano um torneio com equipes de todas as embaixadas, apenas com sócios, no CT do Santos e com as finais na Vila Belmiro.
Cada embaixada poderia realizar seletivas durante o ano para definir as suas equipes, entre os membros de cada embaixada, e apenas os sócios adimplentes a mais de 12 meses poderiam participar.

Talvez esses poderiam ser um ponto de virada na história do clube, tornando-se um dos programas de sócio-torcedor mais bem sucedidos do mundo e a principal fonte de receita do Santos, com o benefício intrínseco do fortalecimento da marca do clube novamente no cenário nacional e internacional.

Com certeza algumas sugestões tem um alto grau de complexidade, porém mais complexo ainda é tentar aumentar o número de sócios-torcedores, principalmente com um ticket médio que seja interessante para o clube, apenas com pedidos de ajuda no instagram, sem entregar o valor necessário para que os torcedores que moram longe tenham interesse.
Entreguem valor e o torcedor não vai ter o sentimento de 27 reais jogados fora todo mês e sim o sentimento de 30, 40, 50, 80 ou até 150 reais por mês investidos no melhor entretenimento que existe para eles, a paixão pelo seu clube.

Matheus Almeida

Estudante de Marketing Esportivo e Gestão do Futebol

https://www.linkedin.com/in/matheus-almeida-079b2ba0/

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Segue o Link da nossa última Live com Amir Somoggi