O lado poeta do torcedor

SANTOS x SANTO ANDRÉ 

O clima era ameno, fazia 25 graus em Santos enquanto as estrelas brincavam de pique esconde com a lua dentro de algumas nuvens que cobriam o Urbano Caldeira, mas fazia 47 graus dentro dos rins dos torcedores que estavam na Vila. O manto no peito, o coro na ponta da língua, o fininho guardado no bolso, as pessoas com o fígado saindo pela boca em cada barzinho, todos os sotaques harmonizando em cantigas ahhh, era jogo do Santos meu amigo. Dizem que em jogos do Santos o Exu senta com Deus em algum boteco divino onde o litrão é o mais barato e eles param pra torcer gritando juntos “vai pra cima deles Santos!”. Nenhuma corda de violão tem coragem de soltar uma única nota musical, o que se ouve apenas no mundo é a bola rolando no gramado sagrado com os jogadores desfilando a camisa que pesa dois bitrens, e todos estavam lá, e faziam plenos 25 graus quando o juiz apitou às 19:30 neste domingo e a bola rolou, clap clap clap dos torcedores e o espetáculo começava.

Foi um início digno de Prêmio Jabuti, a bola rolava com precisão sobre o nosso meio de campo, Vecchio era um adolescente em uma micareta, distribuindo passes que pareciam beijos na boca de tão bons que eram, e quem substituía nosso homem de terno era Citadini que hoje, Meu Deus, o que jogou o menino! Dominou o meio de campo, deu velocidade na transição do time, mostrando que o Renato pode aposentar tranquilamente se ele quiser porque Santos é o útero mais sadio de todos, é um berço que nina os torcedores, no Santos até planta de frio germina, pois nosso templo é sagrado sim meus senhores.

A pressão era toda nossa e o time do Santo André pouco fez no campo a não ser plantar todo seu time na defesa e rebater todas as bolas possíveis, inclusive aproveitando, menções honrosas para o nosso belo ex-zagueiro Domingos, criado em nosso ventre que fez um ótimo jogo. A bola cruzava inúmeras vezes a área do Santo André e não se via nenhuma falha do adversário, não obstante o seu desastrado goleiro. Eles pouco faziam no ataque pois nossa defesa também estava perfeita, pois então faltava o que? Faltava o impreterível do futebol, o Oscar dos filmes, o sim do pedido de casamento, o Gol é claro, faltava também o brilho da estrela da constelação, e ele veio, fedendo, catingando gol, e ainda fazia 25 graus quando vimos um gol de intestino na Vila, golllllllll de intestino na Vila! e ai sim, os gritos saíram da boca, e os chingamentos chulos diziam “eu sabia porra” “é noiz caralho”, e eu digo “É Gabigol nessa porra caralho! E era tanto gol, palavrões e abraços desconcertantes que eu nem percebi que tinha mais jogo e que algo de ruim ainda poderia acontecer.

E aconteceu, quase no fim do jogo, o mesmo Gabigol recebeu um belo passe, deu um chapéu no goleiro, e eu e milhões pessoas, inclusive os que estavam no estádio, foi receber Gabigol de braços abertos para aquele golaço quando o juiz marca o impedimento e amarela nosso atacante o deixando fora do clássico contra o Corinthians. Quem é que amarela alguém depois de um chapéu? Deveria haver uma regra dizendo que não se pode dar amarelo 10 segundos depois de um chapéu, um amarelo depois de um chapéu é igual a cerveja sem álcool, a música sem Belchior, o Bochecha sem o Claudinho, poxa juiz! Tirar o Gabigol do Clássico não dá, mas vamos lá, juntar nossos cacos, parar de mastigar nossos dentes e vida que segue, teremos Rodrygo no Santos x Corinthians (eu disse Rodrygo Jair, não Rodrigão hein).

Já no fim do jogo nosso incansável filho da Xuxa recebeu um belo presente de Domingos e fez o gol, dando números finais a partida que já estava praticamente acabada pois o Santo André nada fazia de importante no ataque, no pouco que fez nosso Vanderlei mitou. Dois a zero, um dois a zero mentiroso, merecíamos um placar mais largo, porém o futebol é um beijo iminente,  é um filho nascido de oito meses, nada é exato e nada faz muito sentido, nem sempre o melhor sai com os louros, dessa vez saiu, porém com números indignos de um jogo da Vila, gostamos de cinco a zero, mas tá bom, tá bom, tá bom porque sabemos que o Jair tira mais litros de leite do que uma vaca holandesa pode dar, e sabemos que as iminentes ações estapafúrdias que a direção faz não está afetando a organização e a produção dentro de campo, e que continue sempre assim.

Santos Sempre Santos!
Colaborou: Renan Chiaparini.  
 
E você, o que achou da atuação do Peixe?
 
Siga o Blog Soul Santista!
Site: https://soulsantista.wordpress.com
Twitter: https://twitter.com/SantistaBlog