Felipe Anderson expõe a ferida aberta no Santos

A contratação de Felipe Anderson escancarou aquilo que está à frente de qualquer pessoa que ame e acompanhe o dia a dia do Santos FC.

Enquanto há clubes que evoluíram na gestão e arrecadam o dobro ou o triplo hoje em dia quando há dez anos tinham receitas praticamente iguais, casos de Palmeiras e Flamengo, outros que arrecadavam muito menos se aproximaram, como Athletico PR e Fortaleza.

Enquanto discutimos se dá para construir um estádio e manter a atual Vila, se deve ser em Santos, Baixada, Grande SP ou Marte, se o modelo de negócio tem de ser este ou aquele, se será a WTorre ou empresa local a responsável pelo empreendimento, o Allianz Parque completa dez anos em 2024.
Enquanto os rivais arrecadam milhões nos jogos em seus estádios, muito maiores e melhores do que a Vila, por mais histórica que ela seja, o clube distribui 40% da receita bruta ou 55% do lucro líquido em convites na 1a final do Paulistão.

Enquanto cobramos identificação e retorno de ex-Meninos da Vila ainda com mercado no exterior, mendigando atenção nas redes sociais, mas que são profissionais e certamente privilegiarão a carreira, que é curta, o clube estreará no Brasileirão “B” contra o Paysandu no sábado. E, diga-se, com portões fechados. Cenário longe de ser atrativo.

Enquanto nos orgulhamos dos valores de um clube que sempre foi símbolo de exaltação à paz, combate ao racismo, pioneirismo na criação da imagem de jogo bonito do futebol brasileiro e de um time feminino com uma marca fortíssima, as Sereias da Vila, viramos as costas a tudo isso, recebendo um condenado por estupro então foragido em festividade interna, um agressor de mulheres no elenco e atuando de forma lamentável na condução da apuração das denúncias de assédio moral e sexual.

Enquanto se cobra a expulsão do presidente anterior por possível reprovação das contas de 2023 por condutas dadas como “incorretas” pelo Conselho Fiscal, um ex-presidente expulso é o “comandante-em-chefe” do futebol feminino, mesmo sem cargo oficial, e é incensado por parte das pessoas que falam em “passar o clube a limpo”. E esse ex-presidente expulso, assim como outro em igual situação, são atuantes por meio de aliados justamente na Comissão Interna de Sindicância e na Comissão do Estatuto.

Enquanto insistirmos em não enxergarmos o que de fato acontece e não nos dotarmos do mais do que necessário senso de urgência para quebrar a letargia, o Santos FC consolidará e ampliará seu atraso em relação aos principais rivais estaduais e nacionais. Como já disse em outro texto, precisamos de menos lamentação e mais ação. Não adianta reclamarmos que o rival “x” está assim e o “y” assado sem colocarmos de fato a mão na massa para resolvermos os problemas do clube. Que vão muito além de uma eventual e discutível ingratidão de atleta formado no clube.

By Henrique Farinha

E você o que pensa de tudo isso?

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