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Amigos santistas,
Dando seguimento ao projeto do Blog Soul Santista de dar voz ao nosso torcedor, a seguir vocês terão acesso a uma análise do nosso amigo Gihad Menezes, Advogado, Contador e Auditor Fiscal, que fez uma análise técnica do trabalho da auditoria, que analisou o balanço contábil do Santos referente ao exercício de 2017 (último ano da Gestão Modesto Roma).
Boa leitura!
O trabalho de auditoria deve ser entendido como um olhar fotográfico acerca de um momento que está contabilizado em determinado momento.
O relatório contratado de auditoria descreve, com exceções de ressalvas, que as demonstrações financeiras datadas de 31/12/2017 (https://www.santosfc.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Balan%C3%A7o-Patrimonial-2017.pdf) estão adequadamente representadas, ou seja, que existe verdade nos números, em respeito aos normativos contábeis, mesmo que com algumas ressalvas.
As ditas “ressalvas”, afirmadas pelo profissional da empresa de auditoria, Vagner Alves de Lira – CRC1SP222941/O-2, empresa esta contratada pelo Santos FC, nada mais são da possibilidade que possam existir eventuais dúvidas, mas que tal magnitude não recaia na prospecção de parecer adverso ou abstenção de opinião.
No português claro:
– o parecer adverso é o opinativo do auditor que afirma acerca das demonstrações contábeis fundadas como incorretas ou incompletas;
– já o parecer com abstenção de opinião ocorre quando o auditor, com limitação significativa na extensão de seus exames, ou seja, do que analisou, não é possível ter certeza e impossibilita ao auditor expressar seu opinativo.
Neste mesmo sentido, as ressalvas apontadas pela auditoria contratada pelo Santos FC, em relação às contas de 2017, são relacionadas:
– à falta de confirmação dos valores registrados na contabilidade do clube, mas quando encaminhadas confirmações junto aos credores Doyen Sports Investiments (quase 40 milhões de reais), assim como da empresa DIS Esportes e Organização de Eventos (cerca de 6,5 milhões de reais). Ambas não responderam para confirmar se estas dívidas existem, conforme denotam os lançamentos contábeis do Santos FC;
– valores de honorários advocatícios não reconhecidos contabilmente pelo clube, mas que podem ser objeto de cobrança futuras como, por exemplo, um escritório que afirma ter direito a cobrar o valor em cerca de 15 milhões de reais;
– valor de quase dois milhões de reais em função de um trabalho efetuado pela empresa Quantum Solution Limited, pela negociação da venda do jogador Neymar, do Barcelona junto ao PSG, que o Santos FC teria direito como clube formador. Em síntese, a auditoria não conseguiu encontrar materialidade para que o serviço tenha ocorrido de fato.
É importante trazer à baila que, uma coisa é a empresa de auditoria considerar que os procedimentos contábeis são matérias a tal ponto que podem ser considerados verdadeiros, em regra, mas diferente é a análise crítica que o Conselho Fiscal fez nas contas de 2017 da gestão Modesto Roma, neste caso, não aprovadas pelo referido conselho que analisou qualitativamente.
INCERTEZA QUANTO À CONTINUIDADE OPERACIONAL. (risco de falência)
O opinativo da auditoria coloca em dúvidas, acaso as ações continuem sendo desenvolvidas como estavam até 2017, que o clube pode correr riscos de continuidade se não tomar medidas para o equilíbrio econômico-financeiro e patrimonial do Clube.
Em síntese, como toda pessoa jurídica nesta situação, a receita é simples: reestruturar seus custos de forma a diminuir seu custeio e reduzir o endividamento do clube.
Aqui falta transparência para a gestão atual no sentido de demonstrar como pretende fazer isso, pois o retrato dos problemas listados até 2017 todos conhecemos, mas queremos sim entender o que a nova gestão pretende fazer, de fato, trazendo quais as ações que reduzirão os números dos custos e do endividamento do clube.
Ademais, na realidade, se verificarmos os relatórios de auditoria do Flamengo, São Paulo, Avaí e Botafogo carioca, apenas para ficar nestes exemplos, encontraremos uma capitulação das auditorias que tratam do mesmíssimo assunto, ou seja, é muito comum tal divagação estar nos relatórios de auditoria e conclamamos a nação santista para que preste atenção naqueles órgãos de imprensa que insistem em informar tal problemática. Fica a seguinte pergunta: e os outros clubes?
O torcedor santista tem que cobrar sim, para que a gestão atual melhore a administração do clube, mas que tal problema operacional é relacionado na grande maioria dos clubes.
CONCLUSÃO
A auditoria, pelo menos no relatório referente ao exercício de 2017, não encontrou fraude ou erro e afirma isso com uma segurança razoável.
Mas iremos, nas próximas postagens, detalhar mais o balanço patrimonial de 2017 e discutir neste Blog o que está sendo de grande incerteza e certeza demandantes de debates neste espaço democrático.
Gihad Menezes
OAB/SP 300.608
CRC 1SP 220469/O-2