A dificuldade do Santos em contratar um técnico de ponta reside principalmente no histórico recente de demissões e no momento conturbado do clube, fatores que geram instabilidade e dificultam o avanço em um processo que, inicialmente, exige restauração e metas de projeção mais realistas.
Um treinador de primeira linha almeja implementar seu estilo e filosofia para alcançar resultados e metas. Contudo, a equipe santista necessita de uma reestruturação que vai além disso.
Enquanto torcida e diretoria anseiam por resultados imediatos, esses treinadores buscam projetos de, no mínimo, médio prazo.
Conscientes das dificuldades internas e externas do Santos, que o afastam da disputa por títulos expressivos, eles preferem declinar a correr o risco de desgastar suas imagens com demissões precoces, motivadas pela pressão por resultados emergenciais.
Talvez o início do ano fosse um momento mais propício para a troca de comando. No entanto, o histórico recente demonstra ao mercado que o clube não mudou e que o ambiente permanece instável, não apenas em campo, mas também nos discursos contrastantes dos dirigentes.
Apesar do entusiasmo inicial, os resultados em campo e a pressão externa logo impõem a necessidade de novas mudanças.
Nesse contexto, talvez o ideal seja buscar inicialmente técnicos experientes em solucionar esse tipo de problema, cuja característica principal seja a de reestruturar o ambiente e colocar o time nos trilhos.
Em um segundo momento, com o caminho pavimentado, seria possível atrair um técnico de ponta para dar sequência ao trabalho com uma proposta e projeto mais robustos.
Exemplos como a chegada de Abel Ferreira após Roger Machado e Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras, ou a transição com Roger Machado e Marcão no Fluminense, ilustram o sucesso dessa estratégia em outros clubes.
A primeira passagem de Carille no Santos exemplifica essa abordagem. Ele chegou para organizar a defesa e corrigir as deficiências da equipe.
Já em sua segunda passagem, o contexto era diferente.
Apesar do título conquistado, ele não permaneceu devido à exigência de uma mudança radical no elenco e na mentalidade de jogo, dada a diferença entre as divisões.
Caso esse trabalho de base fosse realizado no Santos, na Série A, seria um modelo perfeito: um técnico realiza o trabalho inicial de reestruturação para, então, entregar a um profissional mais adequado ao novo patamar e às metas futuras.
Em suma, alçar degraus que o antecessor, especialista em outro perfil de trabalho, não conseguiria alcançar.
Este exemplo reforça que a decisão de um técnico de ponta não se resume apenas à questão financeira.
O cenário atual do Santos representa um trabalho mais árduo e maiores riscos, o que também influencia a aceitação do convite.
Diante da situação exposta, contratar um técnico de ponta não será tarefa fácil.
Quem sabe essa dificuldade nos mostre que o caminho a seguir seja mais pragmático e realista.
O time precisa de um técnico que chegue e demonstre serviço de imediato, implementando as mudanças e reformulações necessárias, além de uma nova postura e mentalidade em campo que tragam resultados rápidos.
Um profissional capaz de trabalhar sob pressão, mas que se mantenha firme em seus conceitos e diretrizes, e que compreenda a dinâmica do futebol brasileiro, as expectativas da torcida e o que se espera do time em cada partida, seja contra um adversário inferior ou um rival tradicional.
Isso não implica necessariamente a exigência de títulos imediatos, mas sim a necessidade de representar dignamente as cores do Santos Futebol Clube.
E você o que pensa de tudo isso?
Por Daniel Flosino Lopes
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