Menos lamentação e mais ação

Muitos torcedores do Santos FC falaram ontem que “não aguentavam mais serem vices de rival”, que “fulano e beltrano não podem mais ficar”, que “o árbitro errou no pênalti” e por aí vai. Eu sinceramente não estou a fim de entrar nessa espiral depressiva por não adiantar absolutamente nada. Quero olhar para a frente.

O fato é que o clube continuará assim, na base do “oh Deus, oh dia, oh azar…” e até conformado com isso, enquanto não compreender que existe uma defasagem de dez a quinze anos em relação a alguns rivais estaduais ou nacionais. Goste-se ou não, essa é a realidade. E que tem de ser mudada o quanto antes. Urgente!

Enquanto nos beneficiávamos esportivamente da presença de Neymar, nada foi feito estruturalmente. Tirando alguns “tapas” nas instalações do CT Rei Pelé, CT Meninos da Vila e Vila, vê-se basicamente a mesma estrutura daquela época. Financeiramente piorou muito. A receita cresceu praticamente de acordo com a inflação ou até nem isso, dependendo eternamente das negociações de atletas. Em 2012, o Santos FC obteve receitas de R$ 197,8M que, reajustados pelo IGP-M, significam hoje R$ 436,8M. Os orçamentos anuais sempre ficam próximos desse patamar. O Flamengo, naquele mesmo ano de 2012, atingiu R$ 212,0M e o Palmeiras R$ 241,2M. Em 2023, o Flamengo atingiu R$ 1,37B e o Palmeiras R$ 839M.

O resultado é que o Santos FC ficou para trás. E por quê? Por absoluta incompetência. Ahhh, mas esses clubes têm torcida maior! Ok, então por que o Athletico PR, que tem uma fração da torcida, saltou de R$ 63M em 2012 para R$ 371M em 2022? Ou por que o Fortaleza EC foi de R$ 24,0M em 2017 para R$ 267,9M em 2022? Porque ambos entenderam o que fazer e foram competentes. Os tamanhos das respectivas torcidas não impuseram limitações e nem usados como “muletas” para as tradicionais desculpas.

Elencos limitados e perda de competitividade são frutos de gestões sucessivamente horrorosas, culminando no fatídico 06/12/2023. A atual, que assumiu em janeiro, é a que tem menos culpa e é necessário reconhecer que houve um bom trabalho de remontagem do elenco em pouco tempo, com muito mais acertos do que erros. Isso, porém, é insuficiente para tornar a equipe competitiva comparativamente aos principais rivais em um cenário totalmente diferente de 2010/2012. No tocante ao que o Santos FC deve fazer em termos de gestão para mudar essa situação, atacando os principais problemas objetivamente, a sensação diante de algumas atitudes recentes é a de patinarmos.
Que o Santos FC adote o senso de urgência que faltou às gestões anteriores para agilizar uma mudança radical nos próximos dez anos. De mentalidade e realidade. É fundamental sair da lamentação para a ação. A torcida está no limite da impaciência.

By Henrique Farinha

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