O Preto e o Branco

Prezados Santistas,

Dando prosseguimento à proposta do Blog Soul Santista de dar voz à coletividade alvinegra, publicamos a seguir um texto autoral do nosso amigo, o escritor Renan Chiaparini.

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O cheiro da maresia que queima o muro, o cheiro de maresia que amedronta os calcanhares, a maresia que queima o trio de ferro, a maresia a maresia a maresia e o preto e branco que ginga desde 1912, o preto e o branco daqueles muros ásperos, o preto e o branco de Urbano Caldeira, o preto de Pelé e o branco de Urbano Caldeira, o preto de Pelé e o branco de Pepe, o preto no peito da camiseta que toma o branco, o preto no peito do escudo da camiseta branca que clama respeito, o escudo preto que trama histórias imensuráveis, o escudo preto no peito que rasga a pele e finca na aorta, o escudo preto com duas estrelas douradas reluzentes ao sol das 16 horas de um domingo, o domingo cujo concreto treme e fere o epicentro da terra, o domingo com o sol e a maresia e o branco dos muros e do escudo preto luminescente que resplandece aquela tarde as 16 horas, o pisar dos calcanhares pecando o gramado verde que mistura com o preto e o branco do Urbano Caldeira, o pisar dos calcanhares rápidos que seguem os batimentos cardíacos de loucos ensandecidos de pretos e brancos de escudos pretos com duas estrelas reluzentes tatuados na carne do coração, os pisares dos calcanhares no gramado verde cuja batida por minuto é a mesma que os corações de um bando pessoas de preto e branco, pessoas de queixo pra cima, pessoas que saem às ruas eloquentes de uma cidade cheia de maresia que bate no peito que bate bate bate bate bate e são arrogantes porque são bi-campeões mundiais, petulantes pois sua camisa já parou uma guerra, metidos porque sabem de sua história, presunçosos por ter ganhado em um mesmo ano todos os títulos oficiais possíveis, pretensiosos de natureza, afetados pela coroa de um reinado infinito, imodestos pela inerência da força de seu clube, orgulhosos pelos cantares, altivos e berrantes pelos mais de 12 mil gols, soberbos graças a 45 títulos oficiais, esnobes e enfatuados por terem visto Pelé quase todo domingo as 16 horas pisar no gramado verde do Urbano Caldeira com as duas estrelas resplandecendo ao tocar o sol enquanto pessoas arrogantes, petulantes, metidas, presunçosas, pretensiosas, afetadas, imodestas, orgulhosas, altivas, soberbas esnobes e enfatuadas ecoam hinos fantásticos e históricos sobre como dentro do preto e branco do Urbano Caldeira está a maior história que qualquer esporte já
presenciou, e eles gritam alto SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS.

E aí Jesualdo, tá preparado?

Renan Chiaparini é escritor, torcedor fanático do Santos Futebol Clube e de vez em quando dá seus pitacos no Blog Soul Santista!

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