A peregrinação do torcedor no dilúvio de Novo Horizonte

SANTOS X NOVORIZONTINO

Coro da torcida, a mão batendo no emblema do peito, o olhar apaixonado de quem só vê seu time em poucas ocasiões, a bolsa dos olhos cheias, os pulos e gritos de “Nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos podem ter”. Foi assim que o Santos entrou em campo em Novo Horizonte contra o time da casa para mais uma rodada do Campeonato Paulista, complicado distinguir se campo ou piscina.

E a beleza foi tanta que fontes seguras disseram que assim que Jesus sentou com seu filho e deu uns tapinhas na TV velha, colocou uma esponja de aço na anteninha, e vualá estava lá o jogo, Jesus não se aguentou e começou a chorar copiosamente. Sabem aqueles choros de soluçar? Aquele choro da criança que diz “eu te amo pai” e chora desvairadamente? Então, e aquela água salgada toda percorreu sobre o céu de Novo Horizonte e lavou a todos.

O vento levava embora o boné dos torcedores para fora do estádio, tamanha era a força da tempestade, e encharcava o campo em total demasiado. Complicado, São Pedro ferrou com o jogo e Deus deve ter ficado bem puto, bem puto! “Tinha que ser hoje Jesus? Tinha que ser hoje? Poxa, o time era tão leve, Jair atendeu as preces da torcida, só molecada, e o cenário estava tão lindo, poxa São Pedro! Segura mais a emoção da próxima, deixa de ser mesquinho né… atrapalhou geral”, mas fica tranquilo Jesus porque a gente entende, a gente sabe, é foda segurar a emoção, é foda segurar a paixão quando o manto sagrado entra em campo, quando eles perfilam para o hino nacional, ou quando eles se organizam em suas posições olhando para o time adversário como se fosse um prato de comida, é foda, a gente entende, tá desculpado.

Após alguns minutos de espera para a tempestade se acalmar, os times voltaram ao relvado e começaram uma partida difícil. A bola sequer pingava no tapete verde de tanta água, o jogo estava uma ressaca de segunda feira, e assim, atrapalhou o time mais técnico, o do Santos é claro. E conforme o esperado, como um roteiro de música Troviana de escárnio, o jogo contemplou os tigres amarelos com um gol. Em uma bela jogada, no local onde a bola conseguia correr melhor, do lado direito da defesa santista, o Novorizontino chegou tocando, venceu a defesa e abriu o placar. Trinta segundos depois do gol a torcida já estava lá gritando seus coros, apoiando o time e ensurdecendo a torcida adversária que se fazia presente em peso dentro do estádio, porém de nada adiantou, o campo no ataque do Santos estava inabitável, e os nossos meninos não conseguiam sequer dominar antes da bola empoçar e parar de rolar no campo, fim do primeiro tempo.

No segundo tempo o campo filtrou boa parte da água e a bola rolou um pouco melhor, em consequência disso, o Santos também melhorou, jogadas começaram a aparecer e o brilho nos olhos dos torcedores colaborava na iluminação do campo, porventura, se o Jair não tivesse se “bem aventurado” na escalação de um menino de 16 anos com faro de gol, a torcida não teria gritado tanto. Goooool! Gol de mais um menino da vila! E pu…. pariu viu, como é bom ver um menino da Vila fazendo gol cara, que lindo que foi aquele gol ao estilo Dadá Maravilha, aquela bola chamuscada que sobra pro atacante e ele põe pra dentro, vem pra cá Yury, vem comemorar o empate! A esperança então explodia no fígado dos torcedores porque o Santos é o time da virada, a gente sabe disso! Então vamos cantar! “O Santos é o time da virada, o Santos é o time do amor, LêLêLêLêLêLêLê”, mas poxa vida, quem foi que escreveu o roteiro desse jogo, me diz? Quem? Nem Tarantino poderia fazer algo mais sangrento, porque em uma jogada estúpida do lado esquerdo de nossa defesa alguém do time dos caras que eu sequer sei o nome me cruza uma bola na cara do Lucas Veríssimo, que rebate para dentro do gol. Esse ano tá esquisito, teve um gol de intestino, agora teve gol contra de rosto, que esquisito! Que esquisito ver um time pequeno zombando dos torcedores do Santos comemorando um gol do nosso zagueiro, mas vamos lá, vamos torcer né, o jogo não valia nada pra nós, e o que a gente queria mesmo era ver os moleques jogando, fazendo gols, mas que jeito? Com um campo enlameado e um roteiro desses, não tem como. Não há muito mais a que se dizer do jogo pois o Santos nos minutos finais encurralou o time do Novorizontino, porém não conseguiu mudar o placar. Destaque para a entrada de Diogo Vitor que, com o ardor nos punhos entrou e foi o principal articulador das jogadas mais perigosas (tem futuro esse menino). Sem mais a mencionar , a torcida saiu chateada com a lei de Murphy, porém feliz, feliz de ter visto seu time in locco, nada é melhor que ver o Santástico em campo.

FICHA TÉCNICA
Novorizontino 2 x 1Santos
Local: Estádio Jorge Ismael de Biasi, em Novorizontino (SP)
Data: 7 de março de 2018, quarta-feira
Horário: 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Leandro Bizzio Marinho
Assistentes: Daniel Luis Marques e Luiz Alberto Andrini Nogueira
Público e renda: 5.426 e R$ 152.995,00
Cartões amarelos: Novorizontino: Alisson Safira, Jean Patrick, Rafael Ratão e Tallyson. Santos: Gustavo Henrique e Alison.
Cartão vermelho: Jean Patrick.
GOLS:
Novorizontino: Juninho, aos 19 do 1T e Lucas Veríssimo (contra), aos 14 do 2T;
Santos: Yuri Alberto, aos 9 do 2T.
NOVORIZONTINO: Oliveira, Tony, Anderson Salles, Éder e Tallyson; Adilson Goiano, Jean Patrick e Jean Carlos (Lucas Siqueira); Cléo Silva, Juninho (Rafael Ratão) e Alisson Safira (Guilherme).
Técnico: Doriva
SANTOS: Vanderlei, Daniel Guedes, Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique e Dodô; Alison; Arthur Gomes (Diogo Vitor), Léo Cittadini, Vecchio (Vitor Bueno) e Rodrygo (Eduardo Sasha); Yuri Alberto
Técnico: Jair Ventura
yURI aLBERTO
Yuri Alberto marcou o gol alvinegro, o garoto foi oportunista
Melhores Momentos:

Colaborou: Renan Chiaparini.  
 
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